Crônicas

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os embalos do amor e os seus abalos


Algumas pessoas colocam o amor num plano inalcançável, tão alto que elas mesmas não conseguem alcançar e passam a vida a se queixar. Outras pessoas proclamam o amor como político discursando sobre sua candidatura, mas se esquecem que a inveja sofre de insônia e com isso, vivem perdendo seu amor por conta do olho gordo alheio da dita cuja.

Eu prefiro fazer diferente. Que tal fazer do amor um produto fundamental de estante? Que tal catalogar o amor?

Amor sem juízo que nos atira ao precipício com uma simples impulsão do ser alheio.

Amor promissor que nos causa a dor, a dor da ansiedade de sair logo de casa e saltar nos braços do causador.

Amor imaturo que substitui a intelectualidade de uma biblioteca pela fralda suja de uma criança no jardim de infância.

Amor democrático que nos é acessível sem mensurar estética, profissão, padrão ou jeito de ser.

Amor aristocrático que é concebido a poucos afortunados. Implica vaidade, ganância e narcisismo. É o ter sem precisar do ser.

Amor segmentado que consiste no específico, nas minúcias, no cartesiano e no fragmentado.

Amor platônico que se ajoelha para o espelho, para o umbigo e para uma conjugação única de uma sombra. Entretanto, para todo amor platônico há sempre uma trepada homérica.

Amor lúdico que nos faz viver uma roleta russa ou um jogo de pôquer. É brincar pra ver e não pagar pra acontecer.

Amor de liquidação que nos faz escolher e ser escolhido feito fruta na quitanda da feira. E que venha o próximo da banca, quer dizer, da fila.

Amor profissional que nos causa ressaca matinal e ânsia do arrependimento. Geralmente esse amor (por ser “profissional”) é sempre acompanhado do suor do corpo.

Amor cego que nos causa uma vontade de ler Shakespeare, mas no final das contas, se existe amor cego, é bom ir apalpando não é mesmo?

Amor preventivo que nos faz planejar, repensar e pensar ao abrir a boca, mesmo sabendo que palavras ditas não voltam atrás, porém essas mesmas palavras ditas pertencem 50% ao ouvinte e 50% ao locutor.

Amor reacionário que nos prende o pé em uma bola de ferro limitando nosso espaço geográfico e que nos enfia um cabresto feito jegue de carga, justamente pra não vermos nada além da nossa amada.

Esses amores foram extintos e reservo-os somente à minha literária imaginação. São homenageados com empáfia percepção, sem muita atenção e pouca devoção.

Não mencionei o amor estupendo, o amor que estou vivendo, que estou conhecendo e que estou recebendo sem estar perdendo, perdendo absolutamente nada!

Amor indescritível, inigualável e mais ainda: inexplicável!

Desnorteado, apoteótico, indagado, reverenciado... Amor é sempre amor e apesar de tudo, o amor é sempre tudo!

Um comentário:

  1. O amor é sempre lindo, nas diversas formas colocadas,mas qdo é o nosso... o diferente... inigualável... indescritível... inexplicável...Ah!!! este é o melhor de todos.

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