Crônicas

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Run, Forrest, run!

Buscar uma razão lógica ou algum significado ético para a corrida é como tentar entender o motivo da existência de reality shows na televisão brasileira, ou entender o porquê que inventam tantas profissões para a Barbie...

O negócio mesmo é se infiltrar nas passadas!

Seguindo essa linha de raciocínio, fui impulsionado pelo meu lado jornalístico e tentei seguir o ritual dos corredores. Me deparei com algo espantosamente individualista: a preparação, o cuidado, o desejo e a vontade de superação são invejáveis, um senso de realização pessoal, sabe?! Algo do tipo: “Eu chego lá, eu posso e eu consigo!”

Os corredores se preparam como se fossem o único sobrevivente de uma família cuja linhagem pertencesse a militares, contemplando ao final, seu próprio orgulho em uma batalha incansável e brutal, sem honrarias e sem entoação de hinos triunfais.

O processo é fácil pra quem está do outro lado do cordão de isolamento (com os dedos cruzados esperando seu “atleta” chegar), e bem mais difícil para quem está ali, acelerando as passadas num ritmo alucinado, de puro entusiasmo...

Esse processo começa bem antes, em casa, culminando no target final: o asfalto! Uma alimentação rigorosamente selecionada e regrada; destinada a aprimorar seu desempenho físico. As roupas e os acessórios são tipicamente associados aos treinos, e a escolha correta desses acessórios é vital para o desempenho do atleta.

Uma escolha errada, a meia volta pra casa!

Por isso a cautela é fundamental! A “viagem” precisa ser segura para não ser mais um motivo a agregar negativamente no rol dos obstáculos implacáveis dos atletas. Já não basta o cansaço físico, as dores musculares, as surpreendentes condições climáticas e o banheiro químico (urgh!).

Falando no lado positivo da “coisa” toda. Além do ar fresco na cara, você aprecia o cenário e observa as pessoas ao seu lado (centenas de anônimos compartilhando da mesma insanidade que a sua!). Você se empolga porque os próprios corredores te empolgam. Uma injeção de endorfina gratuita durante a competição. Pura euforia coletiva!

E se me permitem certa “frase feita” desse contexto: “A cada escolha uma renúncia”. Se você quer se dedicar a correr, esqueça a vida de homem morcego e vá pra casa descansar! Boemia e corrida são composições heterogêneas, não rola mistura! Se a sua desculpa para sair à noite “usa saias”, esqueça isso! Na corrida você também vê verdadeiros anjos correndo. Todos ao seu lado!

Vale ressaltar o esforço das entidades em enaltecer e expor os eventos de corridas de rua. Além do empenho de certas marcas em desenvolver, continuamente, equipamentos mais tecnológicos para aperfeiçoar a performance dos corredores.

E foi abduzido por esse sentimento que resolvi aumentar o números de adeptos a linha de largada. Fui correr! Fui ao cardiologista e ao ortopedista, comprei todo e qualquer tipo de acessório, me equipei como o soldado do início do texto e fui pro asfalto provar na prática todas essas sensações inebriantes.

Eu casei com a corrida, e pretendo criar bodas ao lado dela!

Voltando à primeira prova de rua (em 2005). Enquanto eu corria, eu xingava, ofegava, divagava... Eu mentalizava uma coca light lemon, eu queria uma piscina de Gatorade, ou até mesmo assistir do sofá do quarto, as sitcoms da Warner Channel.

Eu me imaginava diante da linha de chegada. A promissora e disputada linha de chegada...

A chegada é um momento indivisível pra quem termina, e recordar todo o planejamento que você fez é algo primoroso e efêmero!

Viver sem correr é viver sem prazer. Esqueça o bumbum, correr é a autêntica paixão nacional!

“Texto elaborado em 22.05.2005”

5 comentários:

  1. Eu adoro correr!

    Isso me ajuda muito, além de manter a saúde, livro me das preocupações.... Mas tb concordo, não dá pra saracutear à noite e correr, é preciso fazer a escolha!

    A foto ficou bem legal tb!

    bjs

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  2. entao forest...falta decidir se vc fica na do morcego ou na do corredor ne? rs...
    eu particularmente prefiro puxar ferro...mas ta valendo...o importante e nao deixar o corpo enferrujando na frente do sofa...

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  3. Gostei... tb estou me viciando em correr! Día que nao corro, día q não foi completo!!

    bjo

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  4. Você precisa criar um texto sobre a missão impossível que se tem em tentar correr sendo viciado em cerva..... hihi.

    Parabéns pra quem corre, feliz pra quem bebe!

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  5. hehehehehe
    Que legal André, me identifiquei mesmo com o texto, especialmente na parte do xingamento... eheheh
    Sempre que uma corrida começa eu me pergunto; "o que estou fazendo aqui???", suando, cansando, etc...
    mas é engraçado como eu resolvo algumas coisas durante uma corrida e como tenho ideias muito doidas, além de ver com outros olhos as pessoas e as paisagens
    correr pra mim é um desafio e um enigma
    abraços
    renata

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