Crônicas

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Viver é envelhecer, nada mais além disso!


Sinto que “morrer” não está em nosso script, mas está lá no final dos créditos, do sobe e desce das letrinhas miúdas que ignoramos tacitamente.

Na ordem compreensiva, entender a morte nos impulsiona a desfrutar a vida com mais afinco e, ao mesmo tempo, de maneira menos teatral. Viver é enfiar o pé na jaca e botar o pé na estrada a qual você pavimentou da forma que você achou que seria ideal para você.

Alguém já se imaginou com cabelos brancos e com a pele enrugada? Como você vai chegar até lá? Resmungando ou cativando?

O fantasma do envelhecimento assusta mais que espantalho no meio do milharal. Assombra os nossos pensamentos e povoa nossa imaginação com diversos pontinhos de interrogação. Entretanto, viver é envelhecer, nada mais além disso!

Mas ainda assim, existe algo ainda mais triste do que envelhecer; insistir em ser uma criança!

Além da perniciosa invenção da vaidade humana (o espelho), alguns pontos são notabilizados quando atingimos a escala maior:

Trocamos as densas barras marrons de chocolate pelas insossas e descoloridas bolachas de água e sal; as roupas ficam grandes porque você diminui lentamente de tamanho, e por aí vai...

E quando trocamos o ritmo eletrônico do “tuntistun” das baladas de sábado pelas caminhadas vespertinas aos domingos? Não, não, isso é ser casado!

Começar a limpar a casa todos os dias, olhar para trás quando estiver caminhando, dar “bom dia” pra toda coisa que se mexe à sua frente, isso sim são sintomas crônicos do envelhecimento.

O mais constrangedor são os apelidos que as crianças e até os netos bobos dão aos mais velhos: velho caduco, velha coróca, velho bocó, bruxa do 71, velha tchonga, velho corcunda, homem do saco, senhor madruga, vovô “Mara” (maracujá), um extenso vocabulário...

Porém, e se pudéssemos largar tudo e hipotecar o futuro?

Enfrentaríamos mais “entretantos” do que já estamos acostumados:

A televisão assumiria o papel da companheira fiel e constante, “entretanto”, os canais (cada vez mais sem conteúdo) enjoariam rapidamente.

Conheceríamos centenas de pessoas, trocaríamos milhões de experiências, “entretanto”, a sociedade se tornaria imperiosamente pasteurizada.

A “vassoura da vida” seria variada e com múltiplas escolhas, uma espécie de tudo sobre o nada, ou nada sobre o tudo. “Entretanto”, manteríamos os antigos hábitos porque ninguém muda ninguém. Nos adaptamos e nos moldamos quando existe a mola propulsora chamada “interesse”.

Teríamos um convívio ininterrupto com nós mesmos, “entretanto”, cansaríamos facilmente pela muita falta do que se fazer, ou pela falta do muito que fazer.

E se fôssemos imortais?

Envelheceríamos pela falta de inovação, pela falta de intensidade e entusiasmo. Envelheceríamos pela repetição dos sentimentos e dos eventos sociais, conseqüência natural da vida.

Não existem contos de fadas! Entretanto, ficar velho é obrigatório, crescer é que é opcional!

É complicado delinear uma tipologia... Bom mesmo é fazer a diferença pra alguém, a conseqüência de se tornar imortal com essa possibilidade se torna uma probabilidade concreta...

4 comentários:

  1. Adorei essa foto! Concordo com os apelidos e com a maioria do texto...
    Muito bom!

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  2. Sabe quem gosta de velho?

    Reumatismo, artrose, infarto......

    Brincadeira, mas acho que no trânsito não é lugar deles, definitivamente.

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  3. Adorei....hahaha...minha mãe dá bom dia p tudo....hahahaha....

    bjos

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  4. Eu ainda não tive filhos, o livro estou escrevendo, mas em compensação (do aquecimento global) já plantei várias árvores!

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