Crônicas

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A liberdade de sentir saudade


A liberdade de sentir saudade, ou seria a liberdade de sentir vontade?


Saudade e vontade se complementam, mas não se protocolam; não se rotulam porque não podem viver em um círculo vicioso. Aqui o relacionamento possui uma única regra, e não pode ser violada: Saudade e vontade são cíclicas!

Saudade e vontade – assim – untadas na mesma panela podem ofertar um êxtase e uma indigestão ao mesmo tempo. Isso porque cada indivíduo possui um cérebro, um DNA e claro, um paladar diferente...

Saudade e vontade é aquela coisa que faz com que sintamos o que o outro sente naquele momento? Não, isso é empatia.

Somos meros aprendizes diante dela, imaculados novatos aprendendo a voar, entretanto, se amputamos a nossa vontade em sentir a própria vontade de sentir saudade, sucumbimos diante da solidão.

Note:

Solidão, saudade e vontade complementam um quarto de dormir. A solidão é o nosso espelho, a saudade é a nossa penteadeira repleta de cosméticos mirabolantes remoendo nossas memórias de quando desfrutávamos desses acessórios no passado e agora, ofertando uma nova oportunidade a si mesmo.

E a vontade?

Bem, a vontade reflete a arrumação da cama. Enamorados transformam a arrumação da cama em uma verdadeira pintura de Caravaggio, ao passo que pessoas sequeladas por uma saudade mal saem da cama...

Saudade é intervalo. Vontade, recomeço!

Assim como cenas de um próximo capítulo, reavaliamos se o último encontro foi vindouro. Se arrancou suspiros, a saudade vem como um infarto fulminante, se os capítulos anteriores não foram dignos de “audiência”, aqui jaz mais uma alma nos aposentos mofados da solidão. A vontade é um estado intrinsecamente baseado em atitudes e realizações.

Em tempo: “Audiência” aqui é sentimento. É algo imaterial, impalpável, intangível. Provido de boas ações, gracejos e da tenra felicidade de se sentir “mais presente” na presença daquela presença.

Manual de instrução não cabe na vida de ninguém, mas algumas fórmulas até que podem ser bem aproveitadas: Intensidade + realização = saudade x vontade... Mas atenção: O resultado não é uma ciência exata, ele depende somente do teu livre arbítrio.

E se a manutenção em nós é essencial para o crescimento e a vigília individual é fundamental para o nosso amadurecimento, vale adotar uma nova regrinha:

Para a saudade e a realização darem certo, é necessário um desnivelamento do tamanho de uma régua de 30 cm. Se passar disso o ar já fica rarefeito.

Um comentário:

  1. André, estava com saudades de ler e comentar seus pensamentos! E justo hoje que resolvi dar uma passeada por aqui dou de cara com o tema???rs. Brilhante como sempre!!! Este passeio proporcionou uma felicidade de se sentir mais presente na presença daquela presença. ....Saudade é sinal de que algo muito bom foi vivido - é um sentimento delicioso! No entanto querer reviver o que ficou para trás pode ser prejudicial por dois motivos que podem atrasar e muito a vida: 1) pode fazer você cair numa de ficar querendo comparar e aí nada e nem ninguém vai minimamente gerar algum tipo de empolgação. 2) ficar na expectativa de matar a saudade também é péssimo! A difícil missão é: Sentir saudades sim, sofrer não! Aí sim entendo que saudade é intervalo. Vontade, recomeço! Lindo isso! Beijos com saudades......

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